O Quanto uma Empresa Pode Ser Humana?

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Daniel Moreira

A Fuerza ocasionalmente convida especialistas de diversas áreas para discorrer sobre o impacto da tecnologia nos seus campos de atuação. São pessoas que admiramos e acompanhamos. Por isso, é um grande prazer receber o convidado de hoje para compartilhar um pouco da sua perspectiva conosco.

Me disseram que este não é um espaço de trabalho. Então, prometo que irei abordar mais as questões filosóficas do assunto.

O ser humano é o único ser vivo que se desenvolveu cognitivamente e como sociedade. E ele deve isso a sua grande capacidade de se organizar colaborativamente e adaptar seu comportamento (leia Sapiens e Homo Deus – tem um belo resumo disso lá). Quando idealiza algo maior, que não consegue fazer sozinho, chama seus pares para colaborar. E quando a dimensão disso extrapola o âmbito dos amigos (ou seja, sai da esfera de entretenimento e pequenas realizações pessoais) e necessita-se de algo mais formal, é que surgem as instituições.

Instituições são pessoas jurídicas. Pessoas jurídicas são essas idealizações, de uma ou mais pessoas, que se organizaram para colaborar entre si e com a sociedade. Costumo repetir que contrato social é o acordo que fazemos não só com nossos sócios, mas com a sociedade.

Ali constam nossos ajustes e o que iremos entregar para o coletivo.

Sendo assim, as empresas nada mais são do que pessoas que querem realizar.

Por mais que tenham imóveis, veículos, móveis, computadores e dinheiro no banco, o que as faz existir são as ideias nas mentes das pessoas que a fundaram e das que trabalham ali. Elimina-se a ideia e ela rui. Tira-se a colaboração e já era. Não há nenhum valor material que sustente sozinho uma “pessoa” jurídica.

Assim como uma pessoa (física) que se relaciona é reconhecida por sua identidade, as pessoas (jurídicas) atuantes desenvolvem também a sua. Chamamos isso de marca.

Em termos de personalidade, poucos atributos diferem estes dois tipos de pessoas. A segunda carrega em si as expressões das primeiras que a compõem e, quando bem criada e conduzida, não perde seu foco, objetivo e consegue imprimir em seus produtos a essência que a mantém pulsante: é o propósito (você estava esperando a hora que essa palavra apareceria – apesar de desgastada, o lugar dela é aqui).

Aprendi com minha mãe que a mentira tem perna curta. Aprendi na vida profissional que a informação verdadeira é a mais simples e eficiente de ser assimilada. É claro que para que seja passível de comunicação não basta ser verdade, tem que ter valor. Um crápula sincero só é melhor do que um crápula hipócrita. O mesmo vale para marcas.

E é dentro dessa percepção de mundo, tão real quanto as pessoas e tão antiga quanto a comunicação, que o assunto volta à tona, potencializado pela vitrine digital em que todas as marcas estão expostas. A mesma vitrine que pode exibir produtos tão belos e cobiçados pode amanhecer estilhaçada por uma pedra.

Comunicar é inerente às pessoas e é o que humaniza as físicas e as jurídicas.

Então, em um mundo que não basta mais só propagar, você tem que ser.

Por isso perguntamos, que tipo de pessoa é sua empresa?

Uhn?

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